Na imagem abaixo está apresentado o percurso efectuado.
Nota 1: Nesta viagem vamos estrear a autocaravana (que passarei a designar por AC) em férias, apesar da estreia própriamente dita, ter sido em Abril numa viagem a Turim (Itália), em visita à nossa filha e genro.
Nota 2: Algumas das imagens apresentadas foram retiradas da internet ou são cópias de postais ilustrados.

Nota 3: Este ano entrou em circulação a moeda única europeia, o Euro (€), cujo valor equivale a 200,482 escudos e que muito vem facilitar a vida de quem viaja pela Europa, ou seja, pelos países aderentes.
Nota 4: Com o intuito de não tornar a leitura tão maçadora devido à extensão da narrativa da viagem, vou a partir de agora e sempre que se verifique necessidade, dividir a mesma em duas partes, pensando que desta forma se torne mais fácil segui-la.
1º Dia - Algueirão/Bragança - 574 Km
Saímos do
Algueirão às 08.35 e fomos pelo IC19 até
Queluz, onde entrámos na CREL até
Alverca, seguindo depois pela A1 até à saída para
Torres Novas e daqui pelo I

P6 para
Castelo Branco. Aqui seguimos pelo IP2, passando pela
Covilhã e pela
Guarda e entrando logo de seguida no IP5 até
Celorico da Beira, para voltar a entrar no IP2 e passar por
Vila Nova de Foz Côa e
Macedo de Cavaleiros. Apanhámos então o IP4 para
Bragança, onde virámos para
Vinhais, tendo ficado em
Gondesende no
Camping Cepo Verde, onde chegámos às 19 horas.
2º Dia - Bragança/Astorga - 236.7 Km
Saímos do camping às 09.30 e fomos para Bragança, indo logo à entrada desta cidade ao supermercado Modelo comprar pão e de seguida tomámos o pequeno almoço, mesmo ali no parque de estacionamento. Fomos depois meter gasóleo e andámos às voltas porque a bomba onde fui estava a ser reabastecida e não podia meter, tendo de ir procurar outra.
Com tudo isto, deixámos Bragança por volta das 11.30 e fomos pela EN 103-1 na direcção de Portelo, no Parque Natural de Montezinho. Parámos pelo caminho para almoçar e ver a abertura do Campeonato Mundial de Futebol, que se realizava na Coreia e no Japão. Durante o almoço ainda vimos a primeira parte do jogo França-Senegal.
Continuámos depois a viagem e mesmo à entrada de
Portelo virámos para
Montezinho e fomos ver esta aldeia, que é uma das aldeias perservadas de Portugal.

O Parque Natural de Montezinho tem uma superfície de 75000 hectares e é um dos maiores parques naturais do país, contando com 92 aldeias. Foi criado em 1979 e o nome é-lhe dado pela Serra de Montezinho.
A aldeia de
Montezinho fica a cerca de 1030 metros de altitude e noutros tempos teria sido dormitório, durante a prospecção de minério. Os telhados das suas casas ainda são predominantemente de lousa. Hoje é habitada por cerca de vinte famílias.



Voltámos depois a descer a serra e em
Portelo passámos a fronteira para
Espanha, seguindo pela CL-622 ou Carretera de Portugal, sendo
Calabor a primeira localidade espanhola. Todo este percurso é feito em serra e só por isso tem vistas magníficas.

Continuámos na direcção de
Sanábria e fomos até ao
Lago de Sanábria, onde parámos e ficámos um pouco a descansar. Este lago fica na província de Zamora, comunidade de Castela e Leão e é alimentado pelo
rio Tera, sendo o maior lago glaciário da Península Ibérica, com 368.5 hectares. Talvez por ser relativamente perto de
Portugal, havia lá inúmeros portugueses a fazer praia e pic-nic numa mata anexa.

Fomos depois pela N-525 até
Rionegro del Puente, onde virámos pela ZA-111 até
Astorga, indo pela N-120 ficar mais à frente, em
Hospital de Orbigo, no
Camping Municipal Don Suero, tendo chegado por volta das 19.30 (hora espanhola).
Desde a saída do Lago de Sanábria esteve sempre a cair uma chuva miúda, mas depois de entrarmos no camping, começou a chover com mais intensidade e a trovejar.
3º Dia - Astorga/La Pola de Gordón - 117.3 Km
Antes de sairmos do camping estive a conversar com um português que vivia em
Espanha e que tinha lá uma rolote o ano todo, para passar fins de semana.
Saímos às 10.15 e voltámos para trás até
Astorga, que é uma das cidades mais antigas da Península Ibérica e fica na província de Léon.

Estacionámos num parque junto às muralhas e fomos visitar a
Catedral, cuja construção começou em 1471 dentro do mesmo amuralhado das suas antecessoras românicas dos séc. XI e XIII e foi esta última a base da sua ampliação, até ao séc. XVIII, dando origem a vários estilos arquitectónicos.

Mesmo ao lado encontra-se o
Palácio Episcopal, obra de Antoni Gaudi ao estilo do modernismo catalão, que começou a ser construído em 1889, só tendo sido terminado em 1913, após a destruição da anterior sede por um incêndio. Desde 1963 que se converteu no
Museu dos Caminhos.

Fomos depois até à
Plaza Mayor, onde se situa o
Ayuntamiento, edifício começado a construir em 1683 e terminado no séc. XVIII. Sofreu entretanto várias reformas até adquirir a sua estrutura actual, terminada em 1994.

Descemos até ao Jardim da Sinagoga, que se debruça sobre as muralhas.
Passámos a seguir pela
Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que fica mesmo pegada ao jardim e depois de andarmos um pouco pelas estreitas ruas da velha cidade,

fomos almoçar no
Restaurante Las Termas, na
Calle Santiago, onde comemos o prato típico da região, que é o famoso "
Cocido Maragato". Este prato consta do seguinte: primeiro servem as carnes (pés e orelhas de porco, cordeiro, toucinho, chouriço, morcela, frango e carne de vaca), a seguir servem grão cozido com repolho e verduras e depois vem a sopa, que é feita com o caldo de cozer as

carnes e aletria. Nós à boa maneira portuguesa, quando nos trouxeram a travessa com as carnes, ficámos à espera do acompanhamento, mas o empregado vendo que não comíamos veio ter connosco e explicou-nos que primeiro se comiam as carnes e só depois seria servido o resto. Após esta explicação iniciámos então o almoço e no final, serviram-nos a sobremesa típica
"Natilla", que é um doce cremoso feito com ovos, açúcar e leite. Para terminar bebemos café e rematámos com uma
"Queimada" que é um bebida alcoólica que eles põem a arder dentro de uma vasilha, durante alguns minutos, para queimar o alcool.
Depois deste faustoso almoço, fomos para a AC e seguimos viagem pela N-120 para Léon. As origens da cidade de Léon recuam ao ano 68, altura em que as tropas romanas aqui montaram um acampamento. Foi conquistada no séc. IX pelos reis das Astúrias e incorporada definitivamente a Castela em 1230.
Quando chegámos a esta cidade, estacionámos junto à
Catedral que visitámos de seguida. É uma jóia universal de arte gótica e foi construída durante o séc. XIII e parte do XIV. A planta é de cruz latina com três naves. A nave principal é estreita e comprida, medindo 90 metros por 40 no ponto mais largo. Possui 1800 m2 de vitrais medievais, que são os mais importantes de
Espanha. Nos dias de intensa luz, o interior é matizado de manchas de côr, através dos raios de luz.


Passámos depois pelo
Jardim Romântico e fomos visitar a
Real Basílica de San Isidoro, que é um magnífico monumento de estilo românico primitivo. Foi construída durante os séc. XI e XII. Inicialmente era um mosteiro dedicado a São João Baptista, mas com a morte de São Isidoro, bispo de Sevilha, e com a transladação dos seus restos mortais para Léon, foi feita a troca no nome do templo. Hoje, onze reis , diversas raínhas e muitos nobres, jazem enterrados sob as abóbadas do Panteão Real medieval. As paredes, pintadas no séc. XII, estão em excelente estado de conservação e consistem de diversos temas do Novo Testamento. A planta é em forma de cruz latina com três naves.



A seguir dirigimo-nos para a
Plaza Mayor e desta para a
Plaza de Santa Maria del Camiño ou
Plaza del Grano, onde se localiza a
Igreja de Nossa Senhora del Mercado, românica do séc. XII e reformada no séc. XV.

Daqui seguimos para a
Plaza de San Marcelo, onde se situa o
Ayuntamiento, do séc. XVI e...
a
Casa de Botines. Este último edifício foi concebido para o negócio dos tecidos no andar inferior e no sótão, sendo os restantes andares para habitação. Hoje é a sede de um banco espanhol. A sua construção foi encomendada a Gaudi, por Carlos Güell, industrial textil catalão, para se tornar a nova sede dos negócios. Construído em 1892 em estilo neo-gótico, foi declarado
Monumento Histórico em 1969.
Fomos depois pela
Gran Via de San Marcos até à
Plaza de San Marcos, onde se encontra o
Convento de San Marcos, cujo edifício actual se começou a construir em 1513 e se transformou em hotel de grande luxo, integrado na rede de Paradores de Turismo. Também aqui se encontra instalado, mesmo pegado a ele, o
Museu de Léon.

Nesta praça, em frente do convento, também se ergue o
Monumento ao Peregrino.



Desta praça, regressámos pela
Avenida Suero de Quiñones até às muralhas e fomos para a AC, saindo da cidade e tomando a estrada N-630 para
Oviedo, tendo ficado logo à entrada de
La Pola de Gordón, no
Camping Bosque de Gordón, onde chegámos pelas 20.30.
4º Dia - La Pola de Gordón/Avin - 187.8 KmSaímos do camping às 10.20 e continuámos pela N-630 até
Oviedo.
Oviedo foi a capital do antigo reino das Astúrias e é hoje a capital da província das Astúrias. Foi fundada em 761 por um monge beneditino, que construiu um mosteiro em honra de San Vicente.
Chegados a
Oviedo, andámos às voltas para estacionar, o que fizemos próximo de uma feira, tipo "Feira da Ladra". Fomos depois até à
Plaza Mayor, onde está localizado o
Ayuntamiento e a
Igreja de San Isidoro, do séc. XVI.


Quando lá chegámos , estava também a chegar ao local uma procissão, que vinha da Catedral, passava por ali e voltava a entrar na Catedral.
Seguimos depois para a
Catedral de San Salvador, monumento gótico (como muitos), mas de uma só torre (como poucos). Começou a ser construída no séc. XIV e só terminou no séc. XV. Foi restaurada e ampliada várias vezes até aos dias de hoje.

Quando lá estávamos, chegou a procissão. Ficámos com a ideia que deveria ter acontecido a comunhão solene, pois no exterior havia muitas crianças, sendo que as raparigas vestiam todas de branco e os rapazes usavam uns fatos à marinheiro.
No centro existem várias estátuas que são monumentos às várias profissões já práticamente extintas e que faziam parte da vida da cidade.
1 comentário:
Excelente relato...ainda bem que estas memórias sairam do segredo do computador e saltaram para a net. Fico a espera da continuaçao desse ano e de outros...
Pergunta o autor: estava a chover! e que interessa isso aos leitores? pois interessa muito tomar conhecimento das experiemcias de viagens de outros companheiros! de saber de itinerarios, preços, restaurantes, medias de consumo,medias de kilometragem por dia, se faz sol ou calor, frio, ou cai chuva....e ate de dissabores, avarias e dificuldades...quando algum de nos quiser repetir estas experiencias ja tem um guião do que pode encontrar, e assim melhor preparado irá...
grato também pelos comentarios sobre a M.A....as reacções de receio em alturas de montanha não são um exclusivo, garanto eu.
Bem haja pois João Morgado e M.A.
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