segunda-feira, 28 de janeiro de 2008

1990 - Viagem à Bulgária, Turquia e Roménia efectuada de 30.06 a 27.07 num total de 11019.1 quilómetros percorridos.

Este foi o itinerário seguido nesta viagem.

Nota: As imagens que forem publicadas não serão de boa qualidade, pois já foram digitalizadas a partir de fotocópias.

Nos quatro primeiros dias fizemos uma directa até Belgrado, capital da ex-Jugoslávia, parando apenas para dormir e descansar. Ficámos no camping Kamp National por duas noites, para termos um dia para visitar a cidade.
Um pouco de história: Belgrado foi fundada pelos Celtas e sucessivamente ocupada pelos Romanos, Eslavos, Bizantinos, Turcos, Austríacos e Sérvios para defender a rota do Morava-Vardar até ao Mar Egeu de invasores do norte. Na II Guerra Mundial foi desvastada pelos alemães, que a tomaram em Abril de 1941. Foi libertada em Outubro de 1944 pelas forças jugoslavas e soviéticas.
Saímos para o centro da cidade e fomos depois a pé dar uma volta. Passámos na Praça da República, onde existe um monumento ao príncipe Mihailo e daqui fomos visitar a catedral ortodoxa do Concílio " Saborna Crkva ". Seguimos até ao Parque Kalemegdan, donde se avistava o rio Sava, afluente do Danúbio, com a ponte da unidade e fraternidade " Most Bratstvo I Jedinstvo " e a ponte velha sobre o Sava " Savski Most ". Existe também neste parque um monumento ao Vincitore " Pobednik ". À saída do parque, passámos pela Porta de Zindan com as suas torres " Zindan Kapija ".
De Belgrado dirigimo-nos por auto-estrada até Nis e daqui fomos por estrada nacional até à fronteira da Bulgária, onde tivemos de trocar obrigatóriamente 15 dólares por pessoa e por cada dia de permanência no país, bem assim como adquirir senhas para a gasolina, sem as quais não seria possível abastecer nas bombas. Quando finalmente ficámos livres destes condicionalismos, seguimos a viagem até Sófia.
Um pouco de história: Sófia é a capital da Bulgária desde 1878 e foi fundada pelos Romanos, com o nome de Sérdica no séc. II. Foi uma das residências preferidas de Constantino o Grande, no séc. IV. A cidade foi muito danificada com os bombardeamentos aliados durante a II Guerra Mundial, mas tem vindo a ser reconstruída desde 1945.
Ficámos no camping Hapkooii, situado à entrada da cidade e do qual não guardamos boas recordações, pois as instalações sanitárias eram péssimas e acima de tudo muito porcas.
No dia seguinte deixámos o atrelado no camping e fomos até Belogradcik, a 200 e tal quilómetros a norte de Sófia, para visitar a Gruta de Ledenika e os Rochedos de Belogradcik, por os mesmos constarem nas " Maravilhas Naturais do Mundo ". Quanto à gruta, ficámos desiludidos pois esperávamos uma gruta maior e mais esplendorosa, devido a termos lido que era a mais conhecida e visitada das existentes em território búlgaro. Também quanto aos rochedos não verificámos a beleza com que eram anunciados. Regressámos a Sófia e depois de um jantar num self-service que por acaso encontrámos aberto, apesar de ainda ser cedo, fomos dar uma volta e passámos na casa do Partido Comunista, junto à Praça 9 de Setembro onde se encontrava uma estátua de Lenine e o Mausoléu de George Dimitrov.
No dia seguinte fomos visitar a Catedral de Alexandre Nevski, construída entre 1904 e 1912, como testemunho da profunda gratidão do povo búlgaro aos libertadores da Bulgária da ocupação turca. Vimos depois o Túmulo do Soldado Desconhecido, que era guardado por um leão em pedra. Passámos pelo Monumento aos Libertadores e pela Assembleia Nacional. Vimos também o Casino do Exército, a Igreja Russa de S. Nicolau, construída entre 1912 e 1914 com atraentes cúpulas douradas e a Igreja de S.Jorge. Fomos depois ver o Teatro Nacional Ivan Vasov, belo edifício de estilo neo-clássico cuja fachada principal fica virada para o Parque Municipal. De Sófia partimos direito a Istambul, tendo ainda parado na Bulgária para dormir, mais própriamente em Harmanli, num camping cujas instalações sanitárias metiam simplesmente nojo.
Ao entrar na Turquia, parecia que estávamos a entrar noutro mundo, pois não tinha nada a ver com a Bulgária. Aqui já se viam imensas bombas de gasolina de diversas marcas e várias lojas ao longo da estrada com os seus placards luminosos, como em qualquer país do ocidente.
Um pouco de história: Istambul é a maior cidade da Turquia. Foi fundada pelos gregos, cerca de 660 a.C. e é a única cidade do mundo situada em dois continentes, a Europa e a Àsia. Antiga Bizancio, depois Constantinopla, foi a capital do Império Bizantino durante 1000 anos e do Império Otomano durante 500.
Ficámos no camping Kervansaray Mokamp, que adorámos e que pertencia à BP e estava situado mesmo por detrás das bombas. Primava pelo asseio e era normal ver sempre nas casas de banho, empregadas a limpar. Tinha também uma cozinha para os utentes, com vários fogões a gás, onde podíamos ir cozinhar. Depois de nos instalarmos fomos dar uma volta ali ao redor e verificámos que havia muitas lojas que vendiam de tudo e principalmente a fruta era de uma qualidade superior.
No dia seguinte fomos visitar a Mesquita Azul. Esta Mesquita foi construída no lugar dos antigos palácios bizantinos, pelo sultão Ahmet I, entre 1603 e 1617. A Mesquita Azul é a única na Turquia que tem seis minaretes. Para entrar no seu interior, tivemos que nos descalçar e deixar os sapatos à entrada.
De seguida fomos visitar a Mesquita de Ayasofya, antiga Basílica de Santa Sofia de Constantinopla. Esta velha Basílica foi construída por Constantino " O Grande " e reconstruída no séc. VI por Justiniano. É um templo monumental e uma grande maravilha da arquitectura do tempo. Aqui ficam alguns dados sobre a mesma: possui quatro minaretes; a sua cúpula mede 55.60 metros de altura e 31.36 metros de diâmetro interior ( em circulo perfeito ); altura total do edifício 69.52 metros; a longitude interior da nave central é de 79.30 metros; todas as portas, de madeira de cedro, vieram directamente da Fenícia ( Líbano ) e são magníficamente embutidas de esmaltes e marfins.
De tarde fomos até ao Grande Bazar Kapali Çarsi, que é um enorme edifício coberto, com cerca de 5000 lojas, distribuídas por várias ruas. Aqui encontra-se de tudo, desde bancos, restaurantes, artesanato, antiguidades, etc.
Fomos depois dar um passeio à beira do Mar da Mármara e do Estreito do Bósforo. Este estreito, que une o Mar da Mármara ao Mar Negro, tem 38 Kms de comprimento e separa o continente europeu do continente asiático. Atravessámos a Baía do Corno de Ouro pela Ponte Gálata " Gálata Koprusu ", que une Eminonu a Karakoy e fomos até junto do Palácio Dolmabahçe " Dolmabahçe Sarayi ". Este impressionante palácio, foi construído entre 1842 e 1853 pelo sultão Abdulmecit I, depois de ter drenado centenas de metros cúbicos, para ganhar terreno ao mar. Daqui avista-se a Ponte Bogaziçi, que une a Europa à Àsia.
Mais um dia em Istambul e fomos visitar o Palácio Topkapi. Este palácio foi construído por Mehmet " O Conquistador " em 1453 e serviu de residência aos sultões, durante mais de três séculos, sendo Mahmut II o seu último ocupante em 1839. Neste palácio encontram-se instalados museus de porcelanas, trajes de gala, jóias, tronos de ouro incrustados de pedras preciosas e o sumptuoso Hárem. Num destes museus, tivemos a oportunidade de ver um famoso punhal de ouro incrustado de pedras preciosas e o também famoso diamante de Kasikci. O Hárem é realmente fascinante e digno de um sultão.
No dia seguinte deixámos Istambul, com o seu intenso e louco trânsito e os seus táxis amarelos e deixámos também para trás um lote de boas recordações. Deixámos também a Turquia e entrámos novamente na Bulgária, onde logo na fronteira começaram os problemas, pois não nos queriam deixar entrar, por o visto que tínhamos tirado em Lisboa ter terminado ao sairmos para a Turquia. Após algum tempo de conversação, lá nos mandaram ir tirar e pagar novo visto para podermos entrar. Tirámos o visto de trânsito, o qual nos permitia permanecer até 30 horas no país. Continuámos a viagem sempre junto ao Mar Negro e fomos dormir em Pomorie no camping Ebpoma.
Saímos de Pomorie e continuámos a viagem junto ao Mar Negro, passando perto de Nasebar, que é uma pequena península no Mar Negro e que tem a sua fundação no séc. VI a. C.. Prosseguimos para norte e passados alguns quilómetros, desviámos para ir ver o Cabo Kaliakra, seguindo por uma estrada que lhe dava acesso e que tinha portagem. Este cabo é um promontório rochoso sobre o mar, com paredes abruptas de 70 metros de altura.
Percorridos mais alguns quilómetros, eis que chegámos à Roménia, deixando de vez a Bulgária que não nos deixou saudades nenhumas, pois só encontrámos porcaria por todos os lados. Instalações sanitárias nos campings sem quaisquer condições e porcas, restaurantes raros e os poucos com as toalhas sujas que serviam para vários clientes e possívelmente para vários dias e antipatia quanto baste, sendo a polícia autenticas bestas humanas. Ao entrar na Roménia, logo na fronteira se notou uma maior simpatia por parte dos agentes alfandegários. Também aqui tivémos de comprar senhas para a gasolina mas não foi obrigatória a troca de divisas.
Continuámos até Mamaia, onde nos instalámos no camping Popas Navodari. Este camping ficava à beira da praia e era um pouco melhor que os da Bulgária. Estivemos bastante tempo na recepção até podermos entrar. Fui até à praia e a temperatura da água era maravilhosa. Várias pessoas meteram conversa connosco, pois não era normal verem pessoas de fora do leste e por estes pormenores se viu a simpatia do povo romeno.
Saímos de Mamaia e seguimos para Bucareste, tendo atravessado o Danúbio por uma ponte onde tivemos de pagar portagem. Nesta ponte havia soldados em serviço que faziam paragem aos carros, apenas para pedir tabaco.
À entrada de Bucareste a polícia mandou-nos parar e pediu-nos o passaporte. Tendo verificado que éramos portugueses, perguntou-nos em tom amável e simpático se éramos de Lisboa e tendo nós respondido que sim, perguntou de seguida se éramos do Benfica, tendo eu òbviamente dito que era do Sporting mas os meus filhos do Benfica. Depois disse-nos que ele era do Dínamo e o colega de outro clube que não percebi o nome. Após este episódio mandou-nos seguir, desejando boa viagem. Mais uma prova da simpatia do povo romeno.
Ficámos no camping Popas Baneasa que fica nos arredores da cidade.
Um pouco de história: Bucareste é a capital da Roménia, desde a sua fundação em 1862 e foi fundada, segundo a tradiçao, no séc. XV por um pastor de nome Bucur.
Fomos dar a volta à cidade e vimos a Casa da República, que viria a ser a residência do Presidente da República Nicolae Ceausescu, recentemente ( naquela época ) deposto, julgado e condenado à morte. Esta casa era um autêntico palácio e diz-se que até as torneiras eram de ouro. Este presidente estava a concluir a construção deste palácio, bem assim como toda a área envolvente, de acordo com um controverso projecto que demoliu edifícios numa vasta zona do centro da cidade, inclusivé várias igrejas setecentistas, para onde pensava transferir todos os ministérios. Em frente do palácio estendia-se uma bela avenida, toda ela com esplêndidos repuxos de água na parte central, os quais davam um ar de grande beleza a esta zona, que se via não estar ainda concluída. O palácio estava guardado por soldados e eram visíveis os efeitos do arrombamento dos seus portões pelo povo, após a revolução.
Passando pelos locais onde decorreram os incidentes, viam-se velas a arder, flores e cruzes em madeira em homenagem aos que perderam a vida. Também eram visíveis os efeitos das balas nos prédios, alguns dos quais se encontravam bastante danificados. Viam-se também as obras de reconstrução, que entretanto já havia começado.
De Bucareste seguimos para Cluj onde passámos a noite no camping Popas Terasa Capus, que foi o melhor que encontrámos na Roménia.
Dirigimo-nos para Moravita, que faz fronteira com a Jugoslávia, onde estivemos cerca de duas horas e nos revistaram o carro todo por dentro e por fora e também o atrelado.
Na Jugoslávia fomos direito a Belgrado, onde por volta da uma hora da manhã se registava uma temperatura de 32º C. Seguimos depois até Zagreb e daqui fomos para a fronteira italiana, dirigindo-nos a seguir para Veneza, tendo ficado no Camping Jolly.
Um pouco de história: Veneza é um dos maiores tesouros arquitectónicos e culturais do mundo e está construída num numeroso grupo de ilhas, junto à extremidade norte do Mar Adriático. Foi fundada no séc. V por romanos fugidos às invasões lombardas do norte da Itália.
A bordo do barco percorremos o Grande Canal que nos levou até à Praça de S. Marcos, tendo passado pela Ponte dos Scalzi e pela Igreja da Saúde do séc. XVII, mesmo à beira do canal. O Grande Canal apresenta um grande movimento de toda a espécie de barcos, pequenos e grandes, de passageiros ou de mercadorias, as tão famosas Gôndolas e até barcos táxi.
Uma vez na Praça de S. Marcos, vimos o belo Palácio Ducal ( séc. XII - estilo gótico ) e mais à frente a não menos bela Catedral de S. Marcos ( séc. XI - estilo bizantino ) que visitámos. Na Praça encontra-se a Torre do Relógio ( séc. XV ), de onde se disfruta um lindo panorama da cidade.
Fomos dar um passeio pela ilha e atravessámos a famosa Ponte de Rialto ( séc. XVI ). Mais à frente passámos também pela Ponte dos Suspiros ( séc. XVII ) e viemos dar à enseada de S. Marcos, a qual está repleta de tendas de vendedores e artistas. Continuámos a admirar a ilha com os seus diversos canais e pontes. Ao fim da tarde voltámos à Praça de S. Marcos, onde apanhámos o barco de regresso a Tronchetto. Voltámos a percorrer o Grande Canal e à chegada a Tronchetto, passámos por baixo da Ponte da Liberdade, a qual liga a ilha ao continente italiano, sendo bastante larga e tendo 14 Kms de comprimento.
De Veneza fomos para Milão por estrada nacional e passámos no Lago di Garda, que é o maior lago de Itália. É uma zona turística de grande beleza e há muitos parques de campismo.
Chegados a Milão, que é a maior cidade industrial e comercial de Itália, dirigimo-nos à Praça do Domo " Piazza Duomo " no centro da cidade, onde se ergue a magnífica Catedral do séc. XIV - XVI, que é a maior edificação gótica da Itália e a terceira maior catedral do mundo. Nesta praça encontra-se também a Galeria Vittorio Emanuele que é uma enorme arcada de ferro e vidro erigida em 1865.
Depois de visitar a catedral, retomámos a viagem de regresso até à fronteira francesa e uma vez em França dirigimo-nos até Carcassone e depois até Lourdes, isto tendo parado já pelo caminho para dormir.
Nos jardins que circundam o Santuário, vêem-se filas de cadeiras de rodas com doentes que se encontram em vários hospitais ali existentes e que são empurrados por voluntários que se dedicam a este serviço. Este Santuário foi edificado em 1876, no local em que uma jovem camponesa, Bernardette Soubirous, disse ter visto por 18 vezes a Virgem Maria, entre Fevereiro e Julho de 1858. Existe também uma Basílica subterrânea edificada em 1958.
Após a visita a Lourdes, seguimos para Espanha tendo entrado por Irun, indo depois até San Sebastian e tendo ficado no Camping Igueldo, que é muito bom e fica no monte do mesmo nome.
Fomos dar uma volta pela cidade, que fica à beira do Golfo da Biscaia, uma zona muito bonita e onde se situa a Praia da Concha. Deste local avista-se à direita o Monte Urgull e à esquerda o Monte Igueldo.
No centro da cidade visitámos a Igreja de S. Vicente e de seguida subimos ao Monte Urgull, onde se encontra o Monumento ao Sagrado Coração. Na base deste monumento existe uma pequena capela. Do exterior obtém-se uma vista magnífica sobre a cidade e o golfo.
A partir daqui seguimos para Salamanca, onde também passámos a noite e depois para o nosso sempre querido Portugal, entrando por Vilar Formoso e seguindo pela Guarda, Coimbra, Lisboa e finalmente a nossa casinha onde é sempre bom regressar.

A minha evolução até hoje.

Comecei a fazer-me à estrada no já longínquo ano de 1985, um pouco a medo, por ser a primeira vez fora do meu mundo e também porque o dinheiro não abundava e era práticamente contado para o período em causa. Estava sempre receoso do que pudesse acontecer, mas felizmente correu tudo bem, sem qualquer precalço, o que me deu ânimo para continuar nos anos seguintes.
Fazia-me acompanhar do meu núcleo familiar, que era constituído pela minha mulher e os meus dois filhos ( a Carla e o Nuno ).
Neste primeiro ano levei como abrigo uma pequena tenda de campismo e pernoitava sempre em parques de campismo.
No ano seguinte ( 1986 ), adquiri um atrelado-tenda por ser mais prático para montar e mais confortável, o qual mantive até 1996 e percorreu alguns milhares de quilómetros.
Em 1997 desfiz-me dele e adquiri uma roulote, também pequena, pois como era só para dormir facilitava imenso nas deslocações e nas manobras. Conservei-a até 2001, tendo nestes cinco anos também percorrido alguns milhares de quilómetros.
Nos finais de 2001 comprei uma carrinha de mercadorias, Fiat Ducato, que mandei transformar em autocaravana e que estreei pela Páscoa de 2002, numa viagem a Itália, a qual mantenho até aos dias de hoje.
Como o tempo passa e os filhos crescem, hoje viajo apenas com a minha mulher.
A seguir vou tentar transcrever as minhas viagens a partir de 1990, socorrendo-me do meu " Diário de Férias ", pois foi só a partir deste ano que comecei a escrevê-lo.