terça-feira, 21 de julho de 2009

2002 - Viagem a Espanha e França (Parte I) com extensão a Turim (Itália), realizada de 30.05 a 29.06, num total de 6694.7 quilómetros percorridos.

Na imagem abaixo está apresentado o percurso efectuado.

Nota 1: Nesta viagem vamos estrear a autocaravana (que passarei a designar por AC) em férias, apesar da estreia própriamente dita, ter sido em Abril numa viagem a Turim (Itália), em visita à nossa filha e genro.

Nota 2: Algumas das imagens apresentadas foram retiradas da internet ou são cópias de postais ilustrados.

Nota 3: Este ano entrou em circulação a moeda única europeia, o Euro (€), cujo valor equivale a 200,482 escudos e que muito vem facilitar a vida de quem viaja pela Europa, ou seja, pelos países aderentes.

Nota 4: Com o intuito de não tornar a leitura tão maçadora devido à extensão da narrativa da viagem, vou a partir de agora e sempre que se verifique necessidade, dividir a mesma em duas partes, pensando que desta forma se torne mais fácil segui-la.

1º Dia - Algueirão/Bragança - 574 Km

Saímos do Algueirão às 08.35 e fomos pelo IC19 até Queluz, onde entrámos na CREL até Alverca, seguindo depois pela A1 até à saída para Torres Novas e daqui pelo IP6 para Castelo Branco. Aqui seguimos pelo IP2, passando pela Covilhã e pela Guarda e entrando logo de seguida no IP5 até Celorico da Beira, para voltar a entrar no IP2 e passar por Vila Nova de Foz Côa e Macedo de Cavaleiros. Apanhámos então o IP4 para Bragança, onde virámos para Vinhais, tendo ficado em Gondesende no Camping Cepo Verde, onde chegámos às 19 horas.
2º Dia - Bragança/Astorga - 236.7 Km

Saímos do camping às 09.30 e fomos para Bragança, indo logo à entrada desta cidade ao supermercado Modelo comprar pão e de seguida tomámos o pequeno almoço, mesmo ali no parque de estacionamento. Fomos depois meter gasóleo e andámos às voltas porque a bomba onde fui estava a ser reabastecida e não podia meter, tendo de ir procurar outra.
Com tudo isto, deixámos Bragança por volta das 11.30 e fomos pela EN 103-1 na direcção de Portelo, no Parque Natural de Montezinho. Parámos pelo caminho para almoçar e ver a abertura do Campeonato Mundial de Futebol, que se realizava na Coreia e no Japão. Durante o almoço ainda vimos a primeira parte do jogo França-Senegal.
Continuámos depois a viagem e mesmo à entrada de Portelo virámos para Montezinho e fomos ver esta aldeia, que é uma das aldeias perservadas de Portugal.
O Parque Natural de Montezinho tem uma superfície de 75000 hectares e é um dos maiores parques naturais do país, contando com 92 aldeias. Foi criado em 1979 e o nome é-lhe dado pela Serra de Montezinho.
A aldeia de Montezinho fica a cerca de 1030 metros de altitude e noutros tempos teria sido dormitório, durante a prospecção de minério. Os telhados das suas casas ainda são predominantemente de lousa. Hoje é habitada por cerca de vinte famílias.Voltámos depois a descer a serra e em Portelo passámos a fronteira para Espanha, seguindo pela CL-622 ou Carretera de Portugal, sendo Calabor a primeira localidade espanhola. Todo este percurso é feito em serra e só por isso tem vistas magníficas.Continuámos na direcção de Sanábria e fomos até ao Lago de Sanábria, onde parámos e ficámos um pouco a descansar. Este lago fica na província de Zamora, comunidade de Castela e Leão e é alimentado pelo rio Tera, sendo o maior lago glaciário da Península Ibérica, com 368.5 hectares. Talvez por ser relativamente perto de Portugal, havia lá inúmeros portugueses a fazer praia e pic-nic numa mata anexa.Fomos depois pela N-525 até Rionegro del Puente, onde virámos pela ZA-111 até Astorga, indo pela N-120 ficar mais à frente, em Hospital de Orbigo, no Camping Municipal Don Suero, tendo chegado por volta das 19.30 (hora espanhola).
Desde a saída do Lago de Sanábria esteve sempre a cair uma chuva miúda, mas depois de entrarmos no camping, começou a chover com mais intensidade e a trovejar.

3º Dia - Astorga/La Pola de Gordón - 117.3 Km
Antes de sairmos do camping estive a conversar com um português que vivia em Espanha e que tinha lá uma rolote o ano todo, para passar fins de semana.
Saímos às 10.15 e voltámos para trás até Astorga, que é uma das cidades mais antigas da Península Ibérica e fica na província de Léon.
Estacionámos num parque junto às muralhas e fomos visitar a Catedral, cuja construção começou em 1471 dentro do mesmo amuralhado das suas antecessoras românicas dos séc. XI e XIII e foi esta última a base da sua ampliação, até ao séc. XVIII, dando origem a vários estilos arquitectónicos.
Mesmo ao lado encontra-se o Palácio Episcopal, obra de Antoni Gaudi ao estilo do modernismo catalão, que começou a ser construído em 1889, só tendo sido terminado em 1913, após a destruição da anterior sede por um incêndio. Desde 1963 que se converteu no Museu dos Caminhos.
Fomos depois até à Plaza Mayor, onde se situa o Ayuntamiento, edifício começado a construir em 1683 e terminado no séc. XVIII. Sofreu entretanto várias reformas até adquirir a sua estrutura actual, terminada em 1994.
Descemos até ao Jardim da Sinagoga, que se debruça sobre as muralhas.
Passámos a seguir pela Igreja de Nossa Senhora de Fátima, que fica mesmo pegada ao jardim e depois de andarmos um pouco pelas estreitas ruas da velha cidade, fomos almoçar no Restaurante Las Termas, na Calle Santiago, onde comemos o prato típico da região, que é o famoso "Cocido Maragato". Este prato consta do seguinte: primeiro servem as carnes (pés e orelhas de porco, cordeiro, toucinho, chouriço, morcela, frango e carne de vaca), a seguir servem grão cozido com repolho e verduras e depois vem a sopa, que é feita com o caldo de cozer as carnes e aletria. Nós à boa maneira portuguesa, quando nos trouxeram a travessa com as carnes, ficámos à espera do acompanhamento, mas o empregado vendo que não comíamos veio ter connosco e explicou-nos que primeiro se comiam as carnes e só depois seria servido o resto. Após esta explicação iniciámos então o almoço e no final, serviram-nos a sobremesa típica "Natilla", que é um doce cremoso feito com ovos, açúcar e leite. Para terminar bebemos café e rematámos com uma "Queimada" que é um bebida alcoólica que eles põem a arder dentro de uma vasilha, durante alguns minutos, para queimar o alcool.
Depois deste faustoso almoço, fomos para a AC e seguimos viagem pela N-120 para Léon. As origens da cidade de Léon recuam ao ano 68, altura em que as tropas romanas aqui montaram um acampamento. Foi conquistada no séc. IX pelos reis das Astúrias e incorporada definitivamente a Castela em 1230.
Quando chegámos a esta cidade, estacionámos junto à Catedral que visitámos de seguida. É uma jóia universal de arte gótica e foi construída durante o séc. XIII e parte do XIV. A planta é de cruz latina com três naves. A nave principal é estreita e comprida, medindo 90 metros por 40 no ponto mais largo. Possui 1800 m2 de vitrais medievais, que são os mais importantes de Espanha. Nos dias de intensa luz, o interior é matizado de manchas de côr, através dos raios de luz.

Passámos depois pelo Jardim Romântico e fomos visitar a Real Basílica de San Isidoro, que é um magnífico monumento de estilo românico primitivo. Foi construída durante os séc. XI e XII. Inicialmente era um mosteiro dedicado a São João Baptista, mas com a morte de São Isidoro, bispo de Sevilha, e com a transladação dos seus restos mortais para Léon, foi feita a troca no nome do templo. Hoje, onze reis , diversas raínhas e muitos nobres, jazem enterrados sob as abóbadas do Panteão Real medieval. As paredes, pintadas no séc. XII, estão em excelente estado de conservação e consistem de diversos temas do Novo Testamento. A planta é em forma de cruz latina com três naves.
A seguir dirigimo-nos para a Plaza Mayor e desta para a Plaza de Santa Maria del Camiño ou Plaza del Grano, onde se localiza a Igreja de Nossa Senhora del Mercado, românica do séc. XII e reformada no séc. XV.
Daqui seguimos para a Plaza de San Marcelo, onde se situa o Ayuntamiento, do séc. XVI e...
a Casa de Botines. Este último edifício foi concebido para o negócio dos tecidos no andar inferior e no sótão, sendo os restantes andares para habitação. Hoje é a sede de um banco espanhol. A sua construção foi encomendada a Gaudi, por Carlos Güell, industrial textil catalão, para se tornar a nova sede dos negócios. Construído em 1892 em estilo neo-gótico, foi declarado Monumento Histórico em 1969.
Fomos depois pela Gran Via de San Marcos até à Plaza de San Marcos, onde se encontra o Convento de San Marcos, cujo edifício actual se começou a construir em 1513 e se transformou em hotel de grande luxo, integrado na rede de Paradores de Turismo. Também aqui se encontra instalado, mesmo pegado a ele, o Museu de Léon.
Nesta praça, em frente do convento, também se ergue o Monumento ao Peregrino.Desta praça, regressámos pela Avenida Suero de Quiñones até às muralhas e fomos para a AC, saindo da cidade e tomando a estrada N-630 para Oviedo, tendo ficado logo à entrada de La Pola de Gordón, no Camping Bosque de Gordón, onde chegámos pelas 20.30.

4º Dia - La Pola de Gordón/Avin - 187.8 Km

Saímos do camping às 10.20 e continuámos pela N-630 até Oviedo. Oviedo foi a capital do antigo reino das Astúrias e é hoje a capital da província das Astúrias. Foi fundada em 761 por um monge beneditino, que construiu um mosteiro em honra de San Vicente.
Chegados a Oviedo, andámos às voltas para estacionar, o que fizemos próximo de uma feira, tipo "Feira da Ladra". Fomos depois até à Plaza Mayor, onde está localizado o Ayuntamiento e a Igreja de San Isidoro, do séc. XVI.

Quando lá chegámos , estava também a chegar ao local uma procissão, que vinha da Catedral, passava por ali e voltava a entrar na Catedral.
Seguimos depois para a Catedral de San Salvador, monumento gótico (como muitos), mas de uma só torre (como poucos). Começou a ser construída no séc. XIV e só terminou no séc. XV. Foi restaurada e ampliada várias vezes até aos dias de hoje.
Quando lá estávamos, chegou a procissão. Ficámos com a ideia que deveria ter acontecido a comunhão solene, pois no exterior havia muitas crianças, sendo que as raparigas vestiam todas de branco e os rapazes usavam uns fatos à marinheiro.
No centro existem várias estátuas que são monumentos às várias profissões já práticamente extintas e que faziam parte da vida da cidade.

Após esta visita, fomos almoçar ao Restaurante El Fontan, que ficava no primeiro andar do edifício do mercado, ao lado da igreja de San Isidoro. Eu pedi para primeiro prato "Pote Asturiano" que é um género da nossa sopa de pedra. A seguir comi rabo de boi guisado e para terminar, gelado e café. A M.A. comeu Paella de marisco e a seguir "Dorada à la Plancha" e terminou com arroz de leite e café. Durante o almoço estava a ser transmitido na televisão o jogo Espanha-Eslovénia, para o mundial de futebol e ainda assistimos a toda a 1ª parte. A Espanha terminou o jogo a ganhar por 3-1.
Fomos buscar a AC e tomámos a estrada N-634 para Cangas de Onis e depois a AS-114 até Avin, onde ficámos no Camping Picos de Europa, tendo chegado às 16 horas. Neste trajecto apanhámos sempre chuva, sendo nalguns sítios bastante intensa. Como estava a chover, ficámos o resto da tarde no camping.

5º Dia - Avin/Ruiloba - 205.3 Km

Saímos do camping às 10.15 e voltámos a Cangas de Onis, onde demos uma volta. Cangas de Onis é uma cidade localizada no interior das Astúrias e foi a primeira capital das Astúrias, ainda antes da Espanha existir como estado, após a reconquista na Batalha de Covadonga, onde os cristãos da Hispânia venceram os mouros , cerca de 718 e 725.
Passámos junto a uma ponte medieval do séc. XIII.

Fomos depois para Covadonga que fica no Parque Natural dos Picos da Europa, onde visitámos a Gruta da Virgem de Covadonga e depois a Catedral ou Basílica. A Virgem é conhecida popularmente por "La Santiña". Por baixo da gruta pode-se ver uma cascata que se precipita num lago. Do lado direito da cascata, existe uma escada com 101 degraus, que nos leva até ao interior da gruta através de um túnel feito no séc. XX.

No interior encontra-se a imagem da Virgem, de pequenas dimensões, a qual é uma obra do séc. XVIII. À direita da Virgem podemos observar o túmulo do rei Don Pelayo, que venceu a Batalha de Covadonga. Em 1777, um incêndio na gruta fez fundir todo o ouro que lá se encontrava e que veio a cair no lago. Possívelmente foi daí que nasceu a ideia de lançar moedas no mesmo.

A Basílica foi construída entre 1877 e 1901 em estilo neo-românico, em calcário rosa e é constituída por três naves. Junto da Basílica encontra-se um sino com 3 metros de altura e 4000 Kg, construído em 1900 e também uma estátua de bronze de Don Pelayo.

A partir daqui apanhámos uma estrada de montanha muito estreita para os Lagos mas, mal tínhamos começado a subir e já se notava um forte nevoeiro, tendo apenas uns escassos 2 metros de visibilidade à minha frente, o que me fazia circular a pouco mais de 20 Km/h, para conseguir ver a estrada. A M.A. queria voltar para trás, pois já ía com os nervos à flor da pele. A determinada altura da subida, apanhámos uma grande manada de bois que caminhava pachorrentamente pela estrada acima, tendo já atrás de si uma grande fila de carros. À medida que os carros íam conseguindo passar, chegou a vez de ir eu atrás deles e cheguei mesmo a encostar com cuidado a eles para que se afastassem.

Quando chegámos aos Lagos foi uma grande desilusão, pois não se via nada daquilo que deveria ser um panorama bastante agradável. Só sabia que eram os lagos, porque ao atirar pedras ouvia-as a cair em água. Para ajudar à festa também não filmei nada, pois quando em Cangas de Onis me preparava para filmar, verifiquei que não tinha baterias. Almoçámos na zona dos lagos e depois do almoço voltámos para baixo, com a promessa de que teríamos de voltar.

Entrámos novamente na estrada AS-114 para Panes, mas em Mier, a cerca de 10 Km de Panes, a estrada estava cortada por motivo de obras, o que de resto estava até bastante anunciado ao longo de todo o percurso, mas como eu não liguei importância e segui sempre em frente na esperança de poder passar, acabámos por ter de voltar para trás 24 Km, até Robellada, onde virámos para Posada, entrando aí na N-634 até Cabezon de la Sal, onde saímos para Ruiloba e fomos ficar no Camping El Helguero. Chegámos por volta das 20 horas.

6º Dia - Ruiloba/Estella - 300.5 Km

Saímos do camping às 11.15 e continuava a cair uma chuva miúda. Regressámos à estrada N634, indo por ela até Vargas, onde virámos para a N623 até Corconte e aqui para a N232, passando por Oña e indo sair a Logroño, entrando depois na N111 para Pamplona que é uma cidade na província de Navarra. Parámos uns 40 Km antes desta cidade, em Estella-Lizarra, tendo ficado no Camping Lizarra, onde chegámos às 18 horas.

Pelo caminho apanhámos nevoeiro, chuva e sol, conforme a zona por onde íamos passando. Atravessámos serras com estradas melhores e outras piores e com subidas acentuadas. Almoçámos em Santa Maria Ribarredonda no Restaurante La Espiga de Oro. Eu comi uma sopa castelhana e cordeiro guisado e a M.A. só comeu o cordeiro.

7º Dia - Estella/Bayonne - 208.5 Km

Após uma noite de chuva, saímos do camping às 10.50 e entrámos na estrada N111 até Pamplona, onde demos uma volta, mas sem sair da autocaravana, pois continuava a chover. Fomos depois pela N121 até Irun, onde parámos e fomos almoçar num restaurante junto à fronteira. Comemos uma salada mista e costeletas de cordeiro.
Depois do almoço passámos a fronteira para França e fomos direito a Urrugne, que fica logo a seguir e é uma comuna da região da Aquitânia.
Nesta localidade fomos visitar o Parc Florénia, que é um parque floral de 18 hectares, onde existem 25000 àrvores e arbustos e mais de um milhão de plantas anuais, plantadas durante o outono e a primavera.
Este parque abriu em 1991.
Seguimos depois para Biarritz, que é uma das principais didades do País Basco francês. Desde o séc. XIX Biarritz tem sido ponto de encontro da nobreza europeia, de famosos e de turistas de todo o mundo. Victor Hugo foi um dos primeiros grandes nomes a frequentar Biarritz. Foram construídos palacetes pelos reis de Portugal, de Espanha e da Bélgica.
Demos uma volta pela cidade e fomos até ao Rochedo da Virgem, que é um rochedo no mar onde Napoleão III mandou erigir uma imagem de Nossa Senhora.
Após esta visita dirigimo-nos para Bayonne, tendo ficado uns quilómetros mais à frente, na estrada para Pau, no Camping Le Ruisseau, que fica em St. André de Seignanx e onde chegámos pelas 20 horas. Quando chegámos estava a chover, mas depois de jantar parou. E agora estão os meus leitores a pensar: "E o que é que nos interessa que chovesse ou não?".

8º Dia - Bayonne/Luz Saint Sauveur - 235.8 Km

Saímos do camping às 10.15 e fomos pela N117 até um pouco à frente de Pau, onde virámos pela D940 para Lourdes e aqui entrámos na N21 até Argèles, seguindo depois na direcção de Gavarnie.
Aqui, estacionámos e demos uma volta. Gavarnie fica no Parc National des Pyrénées. Não subimos até ao Cirque de Gavarnie e tivemos pena, por já ser tarde, serem 5 Km a pé e já estar a ficar muito frio. No Cirque de Gavarnie encontram-se as famosas quedas de água que caiem de uma altura de 422 metros e são as mais altas de França.
Descemos então e fomos ficar em Luz Saint Sauveur no Camping Toy, onde chegámos cerca das 17.30. Depois de nos instalarmos, fomos a pé dar uma volta e antes de regressar ao camping, comprámos uma pizza para o jantar.
Hoje o dia não esteve mau, embora nalguns sítios ainda caísse alguma chuva.

9º Dia - Luz Saint Sauveur/Ainsa - 145.5 Km

Saímos do camping às 10.15 e fomos pela estrada D918 até La Mongie, que fica a 1800 metros de altitude e aí apanhámos o teleférico para o Pic du Midi de Bigorre. Este teleférico leva-nos até Taoulet a 2341 metros de altitude, onde mudamos para outro que finalmente nos coloca no cimo do Pic du Midi a 2877 metros de altitude, em apenas 15 minutos. Estes teleféricos são cabines que levam 45 pessoas.
No cimo o espectáculo é único e grandioso e oferece o mais belo miradouro dos Pirenéus, pois o panorama a 360º permite-nos observar as montanhas dos Pirenéus e as planícies e vales do sul francês. Havia lá muita neve e está lá instalado um Observatório Astronómico, o Instituto de Física do Globo e um retransmissor de televisão. A construção do Observatório começou em 1878 e acabou em 1908. Em 1963 a Nasa instalou lá um potente telescópio, que foi usado para fotografar detalhes da superfície da lua, na preparação para a missão Apolo. Desde a sua construção é um local de observação e investigação. O Observatório está dividido em três zonas principais; uma dedicada ao grande público, outra dedicada à ciência e finalmente o retransmissor de televisão. Na zona do grande público há um espaço de exposição permanente sobre astronomia. Este conjunto constitui uma das estações científicas de altitude mais importantes do mundo.

No fim desta visita, apanhámos novamente o teleférico para baixo e já em La Mongie, fomos comprar duas sanduíches, que eram enormes e nos serviram de almoço.
Continuámos a viagem pela D918, agora sempre a descer e fomos até ao Col d'Aspin, que fica a 1489 metros de altitude, onde parámos um pouco apenas para admirar a paisagem e tirar umas fotos.
Prosseguimos até Arreau, sendo depois o caminho pela D929 sempre a subir, com subidas bastante íngremes, até ao Tunnel d'Aragnouet/Bielsa por onde entrámos em Espanha, seguindo na direcção de Ainsa e tendo ficado 2 Km antes, no Camping Peña Montañesa onde chegámos às 17.15. Na recepção deste camping, após a inscrição, ofereceram-me uma garrafa de vinho tinto da região, como recordação e promoção do mesmo. Este camping está situado à entrada do Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido.
Depois de nos instalarmos fomos dar a volta ao camping, como já é hábito, e achámo-lo muito bom e limpo e verificámos também que tinha uma piscina bastante grande e ainda uma outra coberta. Fomos depois ao restaurante encomendar duas "paellas" para o nosso jantar.

10º Dia - Ainsa/Puyarruego - 111.8 Km

Após uma noite inteira de chuva, saímos do camping às 10.40 e fomos até Ainsa, que fica na província de Huesca.
Uma vez aí, dirigimo-nos para o Casco Antigo, ou seja, a Aldeia Medieval de Ainsa, que é uma aldeia conservada nas suas características originais. Parámos a AC na Plaza Mayor e fomos visitar a Igreja Paroquial, construção do séc. XII, que fica mesmo ao lado. Percorremos depois algumas ruas e voltámos à Plaza Mayor, indo a seguir visitar as Muralhas do Castelo (séc. XI), que ficam no lado oposto.

Voltámos à AC e continuámos a viagem pela estrada para França, a mesma por onde tínhamos vindo ontem, indo até Bielsa onde almoçámos no Restaurante La Fuen, tendo como primeiro prato a M.A. comido uma salada e eu uma especialidade qualquer à base de verduras e como segundo prato, comemos cordeiro assado.
Após o almoço virámos para a estrada que nos levou até ao Valle de Piñeta, onde parámos junto ao Parador e fomos a pé pela montanha, cerca de uma hora até às Cascatas, não tendo continuado a subir até ao Lago de Marboré, que fica a 2560 metros de altitude, por o caminho começar a ser mais difícil e ainda ficar um pouco distante e também já se fazer tarde depois para o regresso. Voltámos para baixo e na descida demorámos 50 minutos (para baixo todos os santos ajudam).
Já na estrada seguimos para Escalona, virando aqui para Puyarruego, indo ficar no Camping Valle Añisclo, onde chegámos às 19 horas. Este camping foi práticamente a metade do preço do anterior e não ficava, em termos de qualidade, a dever nada àquele (a gentileza da garrafa de vinho tinha de ser paga).

11º Dia - Puyarruego/Argelès - 209.4 Km

Saímos do camping às 10.20 e fomos pela estrada para Fanlo, que nos levou até Cañon de Añisclo. Esta estrada era tão estreita e com tantas curvas, que ao cabo de uma hora apenas tínhamos percorrido 18 Km. Acabámos por não parar e seguimos por Fanlo até Sarvisé, onde entrámos na N260 até Broto e daqui, passando por Torla, dirigimo-nos para o Valle de Ordesa onde estacionámos em Pradera, a 1310 metros de altitude.
Este vale é que deu origem à criação do Parque Nacional de Ordesa em 16 de Agosto de 1918. Em 1982, foi ampliado para criar o Parque Nacional de Ordesa e Monte Perdido.
Pradera é o local de onde partem vários percursos pedestres e tem um grande parque de estacionamento. Seguimos um dos percursos e fomos a pé durante uma hora, até à Cascata del Estrecho que fica a 1480 metros de altitude, tendo para lá chegar de percorrer uma árdua subida por íngremes encostas.
Regressámos a Pradera, tendo demorado apenas 50 minutos no regresso e fomos almoçar na autocaravana, ali mesmo no parque de estacionamento, pois havia bastantes sombras.
Após o almoço voltámos pela mesma estrada até Broto, onde continuámos pela N260 até Biescas, tendo depois virado pela C136 para França, passando a fronteira em Puerto de Portalé. Um pouco antes da fronteira cruzámo-nos com uma AC inglesa que nos fez sinal e ao pararmos lado a lado, eles disseram-nos que a estrada estava cortada lá mais para a frente, mas como eu já tinha visto sinais a indicar a proibição a carros com mais de 3500 Kg, e a nossa até é pequena, calculei que não haveria problema e arrisquei a continuar. Realmente bastante mais à frente e já em França, a estrada estava cortada e tinha de se passar por um desvio bastante estreito, ladeado por altas paredes de rocha, que não estavam na vertical, mas com uma inclinação sobre a estrada e daí o problema com os carros mais altos. À entrada deste "meio túnel" encontrava-se um homem que ao ver-nos aproximar, veio ter connosco e disse que não podíamos passar, tendo eu retorquido que os sinais que havia apenas proibiam os carros com mais de 3500 Kg e o meu não os tinha. Perante este argumento ele disse que o caminho era estreito e podia ter problemas com a altura, mas acabou por nos mandar seguir mas com cuidado. Lá fui devagarinho e então verifiquei que passava sem problemas.
Após este episódio lá seguimos viagem pela D934 na direcção de Pau, virando alguns quilómetros antes pela D35 e depois pela D937 para Lourdes, onde entrámos na N21 para Argelès, tendo ficado no Camping Les Trois Valles, onde chegámos por volta das 20 horas.

12º Dia - Argelès/Roques Sur Garonne - 251.2 Km

Saímos do camping às 10 horas e dirigimo-nos para Pont d'Espagne, que fica no Parque Nacional dos Pirenéus, o qual é um espaço protegido de 45707 hectares e foi criado em 1967. Entre as espécies animais protegidas, encontra-se a marmota, que é um animal roedor da família dos esquilos, com o qual é parecida mas maior. Aqui, para estacionar tivemos que pagar 4 euros. Este parque de estacionamento, que fica logo à entrada encontra-se a 1465 metros de altitude e logo a seguir apanha-se um teleférico que nos leva um pouco mais acima, onde, andando depois um bocado a pé, apanhamos umas cadeiras que nos levam até Belvedère de Gaube. A M.A. assim que viu as cadeiras disse logo que não ía e que se soubesse que era assim, não tinha ido. Mas lá se conseguiu encher de coragem e acabámos por ir. Quando chegámos lá acima, disse logo que para baixo vinha a pé, apesar de eu ter comprado os bilhetes de ida e volta.
Fomos depois a pé durante 15 minutos, até ao Lac de Gaube, que fica a 1725 metros de altitude e tem origem glaciar. Após umas fotografias à paisagem, viemos para baixo, acabando eu por vir também a pé, para ela não vir sòzinha. O caminho era péssimo e demorámos 1 hora e 15 minutos até Pont d'Espagne, que fica a 1500 metros de altitude e que é uma ponte, onde vêm cair três cascatas enormes que a partir dali seguem como sendo uma só. É uma obra da natureza muito espectacular.
Fomos depois para a AC e tentei logo ali no parque apanhar a TF1, canal da televisão francesa, pois já tinha começado o jogo Portugal-Polónia para o mundial de 2002 e era transmitido neste canal. Como não consegui sintonizá-lo, encetámos o regresso e parei mais abaixo para tentar novamente, mas sem éxito. Lá continuámos, até que numa zona muito mais abaixo, lá consegui apanhá-lo e aproveitámos para almoçar e ver o jogo que já estava na 2ª parte. Portugal ganhava por 1-0 e logo a seguir marcou o segundo. Acabou ganhando por 4-0, o que nos acalentou a esperança de podermos passar aos oitavos de final.
Depois do jogo seguimos viagem até Tarbes pela N21 e a partir dali pela N117 para Toulouse. A dada altura deste percurso, estavam dois carros parados em sentido contrário e duas senhoras fizeram-me sinal para parar e disseram-me que mais à frente estava uma àrvore caída na estrada e não se podia passar. Agradeci, dei a volta e voltei para trás. Entretanto estava a chegar um carro da polícia, que possívelmente as senhoras haviam chamado. Parámos um pouco à frente para consultar o mapa e nisto, um dos carros que estavam lá parados, parou à nossa frente e um senhor saiu dele e veio ter connosco perguntando se íamos para Toulouse; como eu lhe respondi que sim, disse-nos para o seguirmos que ele ía por umas estradas secundárias e íamos entrar novamente na N117 lá mais à frente. Assim fizemos e ainda andámos uma série de quilómetros atrás dele, até que numa rotunda ele parou e veio ter connosco indicando por onde devíamos seguir, pois ele a partir dali seguia por outro caminho. Depois de lhe termos agradecido (são mesmo uma simpatia estes franceses), seguimos a indicação e logo a seguir entrámos na N117.
Continuámos a viagem e um pouco antes de Toulouse, parámos em Roques Sur Garonne, onde ficámos no Camping Municipal, tendo chegado às 20.50.

13º Dia - Roques Sur Garonne/Vers - 237.7 Km

Saímos do camping às 09.15 e fomos até Toulouse, onde no fim de dar uma volta estacionámos e fomos a pé visitar o centro da cidade. Toulouse é a quarta maior cidade de França e é banhada pelo rio Garonne. É apelidada de "Cidade Rosa", motivada pela côr do principal material de construção tradicional local.

Dirigimo-nos para a Catedral de Saint-Étienne, que é uma edificação da qual se desconhecem as origens, sendo os primeiros dados de 1071 quando o bispo Isarn ordenou a reconstrução do edifício que se encontrava em ruínas. A Catedral é a única igreja em Toulouse que conservou os seus vitrais originais, sendo os mais antigos do séc. XIV. Daqui fomos até ao Musée des Augustins, instalado num velho convento e depois até ao Capitole, um edifício do séc. XVIII, que fica na Place du Capitole e que é o equivalente à nossa câmara municipal.
Fomos a seguir pela Rue du Taur, onde se encontra a Igreja Notre Dame du Taur (Nossa Senhora do Touro) que se encontrava fechada, até à Basílica de Saint-Sernin que também já estava fechada.
Voltámos então para a Place du Capitole e fomos almoçar na Brasserie Les Arcades. Após o almoço fomos ao "Turismo", que fica nas traseiras do Capitole, onde adquirimos o mapa da cidade.
Já com este nas mãos, fomos à Place Wilson e voltámos à Basílica Saint-Sernin, que já estava aberta e a qual visitámos. A construção desta Basílica românica começou cerca do ano de 1080, para albergar os peregrinos do Caminho de Santiago.

Regressámos novamente à Place du Capitole, passando pela Igreja Notre Dame du Taur, que também visitámos. Esta igreja foi construída no séc. XIV, no lugar onde o bispo mártir de Toulouse, São Sernin, foi arrastado até à morte amarrado pelos pés a um touro, no ano 257.
Depois de visitar a igreja seguimos para o Ensemble Conventuel des Jacobins, que é um conjunto composto por uma igreja, um campanário, um convento e um refeitório, construído pelos dominicanos a partir de 1230. A igreja é considerada como a mais bela igreja dominicana da Europa. As suas dimensões são impressionantes: 80 metros de comprimento, 20 metros de largura, colunas de 22 metros de altura (certamente as mais elevadas da arquitectura gótica). O refeitório é uma vasta sala com 17 metros de altura. É um dos maiores refeitórios monásticos da época medieval. Acolhe hoje numerosas exposições temporárias.
Fomos depois direito à Pont Saint-Pierre que atravessámos e passámos pelo Hospital de la Grave, tomando o caminho da Pont Neuf que também atravessámos, novamente para o lado de cá do rio Garonne. Esta ponte começou a ser construída em 1544 (fundações). É uma ponte de pedra e o primeiro arco, dos sete que a constituem com aproximadamente 30 metros cada um, foi começado em 1614. A sua construção terminou em 1632, sendo inaugurada em 19 de Outubro de 1659.
Fomos depois à beira deste rio até à Pont Saint-Michel, indo a seguir para Allées Jules Guesde, local onde tínhamos estacionado a AC.
Ao tentar sair de Toulouse tivemos alguma dificuldade em dar com a saída para a N20 para Cahors. Quando finalmente acertámos, fomos até Cahors e daqui pretendíamos ir às Grutas de Pech-Merle, mas por má indicação no mapa e também por falta de informação na estrada, não dávamos com o caminho até que resolvi perguntar numas bombas de gasolina. Depois da informação recebida, dirigimo-nos para lá, tendo verificado que ainda ficavam a trinta e tal quilómetros.
Neste percurso, a certa altura caiu-nos uma pedra em cima da AC, vinda das montanhas, fazendo um grande barulho e conforme verificámos depois, provocando uma amolgadela mesmo por cima do pára-brisas. Um pouco mais abaixo e teria partido este.
Quando chegámos às grutas, estas já se encontravam fechadas e voltámos então para baixo a fim de procurar um camping. Aquele que encontrámos mais próximo foi em Vers a 20 Km das grutas e era o Camping Municipal l'Arquette, onde chegámos às 21 horas.

14º Dia - Vers/Rocamadour - 195.8 Km

Saímos do camping às 11 horas e dirigimo-nos para as Grutas de Pech-Merle, que ficam em Cabrerets e que foram descobertas em 4 de Setembro de 1922, por André David e Henri Dutertre, dois jovens de 15 e 16 anos. São umas grutas pré-históricas, únicas na Europa, compostas por sete salas ao longo de 1200 metros de percurso, que nos oferecem uma amostra completa de formações geológicas naturais, entre as quais se sucedem pinturas e gravações pré-históricas com mais de 20000 anos.

Após esta visita, almoçámos no parque onde estávamos estacionados, pois estávamos à sombra.
Depois do almoço viemos para baixo e fomos visitar o Museu de Plein Air du Quercy, que ficava a 5 Km, em Cuzals. Este museu foi criado em 1982 e é formado por um velho castelo adaptado e 50 hectares em pleno ar livre, onde são mostradas as quintas da idade-média e do séc. XIX, as suas culturas e os seus animais, os trabalhos agrícolas, os velhos mestres artesãos, a doçaria tradicional, enfim... a vida rural de outros tempos.

Voltámos depois pela mesma estrada até Cahors (que nós baptizámos de Cachorros) e aqui tomámos a N20 e mais à frente a D704 para Sarlat. Chegados a esta localidade, verificámos que estavam 30º C e eram 19 horas. Continuámos pela D703 até Souillac e daqui para Rocamadour, onde chegámos às 20.15, tendo ficado no Camping Le Roc a uns 4 Km.

15º Dia - Rocamadour (arredores) - 50.8 Km

Saímos do camping às 10.20 e dirigimo-nos para as Gouffre de Padirac, que são umas grutas descobertas em 1889 pelo espeleólogo Édouard Martel, que explorou 2400 metros acompanhado de Louis Armand, Emile Foulquier e Gabriel Gaupillat. As primeiras visitas tiveram lugar em 1898, mas a inauguração oficial só ocorreu em 10 de Abril de 1899. As diversas expedições espeleológicas, permitiram descobrir aproximadamente 41 Km de subterrâneos, mas sómente são visitados 2000 metros. Em 1939 o percurso da visita foi alargado 300 metros e permite ao visitante voltar ao lago, passando por uma cornija situada 47 metros acima do nivel do rio. A temperatura ambiente no interior é de 13º C. A entrada para esta gruta faz-se através de um grande buraco (como sendo um poço) com 35 metros de diâmetro, que é o resultado de um desabamento de uma parte do tecto de uma gigantesca caverna. Para descer a este poço, que tem 75 metros de profundidade, utilizamos um elevador e no final deste, continuamos a descer por umas escadas até aos 103 metros, onde se encontra o rio subterrâneo (Lac de la Pluie), que tem 500 metros de comprimento. A partir daqui a visita é feita com um guia e tem a duração de cerca de uma hora e meia. A travessia do rio é feita de barco e no fim deste continuamos a pé para admirar as grandes galerias e depois de subir algumas escadas, encontramo-nos no "Grand Dôme", que é uma sala enorme com 84 metros de altura, cuja descoberta ocorreu em 1890. Chegámos aqui, depois de termos passado pelo Lago Superior e por uma barragem natural. A visita termina na última cascata. No regresso, voltamos a entrar no barco para atravessar o rio e logo após o embarque, é-nos tirada uma fotografia que é vendida à saída. Estas grutas, não tenho palavras para as descrever, pois são simplesmente admiráveis.
Após a visita às grutas fomos para a AC, almoçámos e ficámos a ver o jogo México-Itália, que acabou com um empate a um golo, tendo passado as duas equipas aos oitavos de final do campeonato do mundo.
Depois do jogo fomos ver as Grutas Lacave, que se encontram a 15 Km de Rocamadour e foram descobertas em 1902, por Armand Viré, que desceu ao fundo de um poço e descobre mais de 500 metros de galerias. Estão abertas ao público desde 1905. À chegada, somos levados para o interior da gruta por um comboio eléctrico, através de um túnel que tem 450 metros e sobe 50 metros em relação à entrada. Depois de sairmos do comboio, andamos mais um pouco a pé até um elevador, que nos transporta mais 15 metros para um piso superior. A partir daqui a visita é feita com um guia ao longo de 1600 metros. Percorremos então uma série de corredores e encontramo-nos na "Sala das Maravilhas", com 2000 m2. Também existem lagos subterrâneos e graças a uma iluminação cuidada, podem admirar-se diversos reflexos na água, a qual se comporta como se de um espelho se tratasse. Regressámos à entrada, ou à saída, novamente através do comboio.

Após esta visita voltámos a Rocamadour e ficámos no Camping Le Relais du Campeur, logo à entrada da povoação, num lugar denominado L'Hospitalet, onde chegámos às 18.30.
Depois de jantar fomos dar uma volta a pé pela estrada e um pouco mais à frente, existe um miradouro, donde se obtém uma vista maravilhosa sobre a cidade, que à noite é surpreendente.
No fim, voltámos para o camping.

16º Dia - Rocamadour - 0 Km

Rocamadour é um lugar de peregrinação desde a Idade Média. Saímos do camping e fomos a pé pela estrada até ao Castelo, onde entrámos, mas do qual só pudemos visitar as muralhas, das quais se tem uma magnífica vista sobre a cidade. Este castelo foi construído no séc. XIV, destinado a proteger o Santuário. Para se ter uma ideia de como é esta localidade que se encontra instalada numa colina, há um ditado popular que diz: "As casas sobre o riacho, as igrejas sobre as casas, os rochedos sobre as igrejas e o castelo sobre os rochedos". Realmente, presenciada à distância, é tal e qual como o ditado diz.
A seguir às muralhas do castelo, descemos pelo Caminho das Cruzes, que é um estreito caminho pela encosta abaixo, todo em curvas, onde em cada uma se encontra um recanto com cenas que contam a história, desde a condenação à morte de Jesus Cristo, até à sua crucificação. Este caminho leva-nos até ao Santuário, cuja zona é considerada a Cidade Religiosa.
O Santuário de Nossa Senhora de Rocamadour, foi fundado nos primórdios do Cristianismo e é composto por três capelas e a Igreja de S. Salvador, a qual data do séc. XIII e foi construída por cima da cripta de Santo Amador, cavada em 1160. Dizem que este santo habitou uma gruta no local e milagrosamente o seu corpo ficou intacto durante séculos.
Descemos depois pela Escalier des Pélerins ou Grande Escadaria, até à cidade própriamente dita.
Aqui, como se deve calcular, o comércio virado ao turismo abunda.

Depois de termos dado uma volta e ter adquirido as habituais recordações, regressámos ao camping pela Via Sagrada, que é um caminho sempre a subir e com uma forte inclinação.

No camping almoçámos e vimos o jogo de Portugal com a Coreia, que perdemos por 1-0, tendo desta maneira sido eliminados dos oitavos de final do campeonato do mundo. Ainda antes do almoço fui até à piscina e estive lá um pouco.
Após o almoço ficámos no camping a descansar à sombra, pois hoje fazia um calor insuportável.
Depois do jantar fomos novamente a pé até à cidade, tendo descido e regressado pela Via Sagrada. Ao contrário do que esperávamos, havia muito pouca gente e já estava tudo fechado, apenas se encontrando aberto um ou outro restaurante. Perante isto voltámos para o camping.



Continua próximamente

1 comentário:

DeCarvalho disse...

Excelente relato...ainda bem que estas memórias sairam do segredo do computador e saltaram para a net. Fico a espera da continuaçao desse ano e de outros...
Pergunta o autor: estava a chover! e que interessa isso aos leitores? pois interessa muito tomar conhecimento das experiemcias de viagens de outros companheiros! de saber de itinerarios, preços, restaurantes, medias de consumo,medias de kilometragem por dia, se faz sol ou calor, frio, ou cai chuva....e ate de dissabores, avarias e dificuldades...quando algum de nos quiser repetir estas experiencias ja tem um guião do que pode encontrar, e assim melhor preparado irá...
grato também pelos comentarios sobre a M.A....as reacções de receio em alturas de montanha não são um exclusivo, garanto eu.
Bem haja pois João Morgado e M.A.